Fiquei estática ao ouvir nosso filho de 10 anos dizer:- Mãe, você esta esperando outro? Droga! Mais um pra dividir! Ele se referia a chegada do nosso 5º filho ou filha, ainda não sabíamos.
Na hora fiquei zangada, disse muitas coisas, coloquei um peso enorme sobre ele. Com todas as letras o acusei de egoísta. Como me arrependi depois!
Mais tarde, sozinha, comecei a pensar no assunto e vi o quanto a minha própria insegurança teria sido captada por este filho. Ele nada mais fez do que repetir o que os outros, amigos, professores, pais de amigos, falavam quando sabiam que ele já tinha mais 3 irmãos. Imagine então quando soubessem que sua mãe esperava o 5º filho!
Toda esta aflição eu também estava guardando, pressionada pelas pessoas “ de bem” as quais não poupavam observações jocosas, grotescas e infelizes, com o intuito de ridicularizar uma coisa tão normal, parecia que por minha causa o mundo estava com uma super população.
O filho, muito inteligente e sensível, com 10 anos, captou rapidamente o quanto seria tolice guardar estas angústias, estes sentimentos de medo e impotência diante do óbvio, do real. E logo após o nascimento da irmã, uma linda menina, tornou-se seu guardião, tomava conta, brincava, fazia carinho e até a levava como escudo a lugares do nosso casarão, onde tinha medo de ir sozinho.
Recebi uma grande lição, como sempre os filhos nos ensinando. Mostrou que no nosso coração não podemos guardar sentimentos mesquinhos por mais do que o tempo de um desabafo.
A criatura que viria pra dividir, tornou-se um agente multiplicador, criou vínculos de amizade, participou das melhorias na família. Nunca foi preciso dividir, o carinho, as atenções, o dinheiro, tudo era como sempre de todos e para todos.
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