Saturday, January 2, 2010

Um pouco de uma entrevista com Andy Garcia sobre arte, erotismo e pornografia

Transcrevo aqui uma parte de uma entrevista com o ator, que mostra exatamente que é possível fazer sucesso no meio artístico sem apelações.

As declarações do ator cubano-americano Andy García em uma entrevista feita por um jornal espanhol merecem ser ressaltadas. São como uma brisa fresca entre tanta intoxicação da atmosfera mental e tanta idéia falsa sobre a arte. Andy não tem papas na língua. Percebe-se, felizmente, que ele está imune ao pensamento dos que manipulam a
sexualidade para as massas despersonalizadas.

Andy Garcia está casado desde 1982, tem quatro filhos com sua esposa Marivi e diz: “A paternidade é a atividade que mais me orgulha”. Andy não está disposto a sacrificar sua vida familiar pelo trabalho no cinema e reafirma: “Quando nos tornamos pais não podemos ter uma vida de nômade. Se eu tivesse aceitado todos os bons papéis que me ofereceram eu teria fracassado como pai e essa seria a última coisa que eu desejaria”.

Quando lhe perguntaram por que não quer interpretar cenas de nudez nos filmes, Andy demonstrou ter um alto senso da dignidade humana, que contrasta fortemente com o que tantos filmes, revistas, fotografias e a internet se empenham em nos meter goela abaixo:
“Prefiro interpretar cenas de amor, do modo mais elegante possível.Acredito que o cinema atual é óbvio e prosaico demais. Não faz meu estilo e nunca fará.

Quando a entrevistadora insiste e pergunta como seria caso o roteiro exigisse.Andy responde: “O roteiro não exige nada, é só um guia e os escritores falham muito quando escrevem essa parte. A tensão dos personagens, ojogo de olhares, isso é o que deve ser mostrado”.
“A indústria cinematográfica de Los Angeles tem a falsa idéia de que são as seqüências eróticas que vendem, mas a realidade é que o que vende é um bom filme. As pessoas carecem disso e é o que pessoalmente me sobra”.

O sucesso de filmes como “O Senhor dos Anéis”, “Coração Valente” e outros tantos confirmam essas palavras.Mas os que trabalham em introduzir a pornografia nos costumes da sociedade atual costumam recorrer ao argumento de que não se pode confundir erotismo –coisa boa e artística- com a pornografia, verdadeiramente degradante. A verdade é que a fronteira entre um e outro é bastante nebulosa.

Além disso, esses conceitos carregam consigo um preconceito de classes sociais. O que tem baixa qualidade e baixo preço é qualificado como pornográfico, enquanto a pornografia de luxo, cara, enfeitada e com melhor qualidade técnica é chamada de erotismo. Na verdade, isso é ainda mais prejudicial, pois dissimula o mal sob o nome da arte, como se fosse um veneno escondido em um bolo saboroso. Não há forma de errar na classificação: são pornográficas todas as obras feitas, comercializadas e consumidas como excitantes sexuais. O fato de estarem mais enfeitadas ou esteticamente melhores não muda o que são.

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