Friday, April 23, 2010

Para viver um grande amor – 4 - "Casal M. T. e C.S."

Aproveitamos o título do poema tão conhecido para fazer uma homenagem a grandes e profundos amores, que vêm sendo testados em anos de convivência. São amores que originaram famílias, alicerçadas pelo compromisso renovado de continuar juntos, apesar dos "perigos desta vida". A paixão não acabou, se tornou forte e agregou filhos, parentes e amigos. Ver o que deu certo para muitos pode suscitar novas idéias para revigorar os laços do casal e da família.

Vejam a nossa quarta entrevista:
O casal não será identificado pelos nomes, para evitar uma exposição maior.

Casal M. T. e C.S. responde:
Como cada um respondeu separado, coloco as duas respostas. Assim fica bem mais interessante ler e comparar as impressões de cada lado.
1- Como você conheceu sua esposa(seu marido)? Demorou muito para começarem a namorar?

M. T: Éramos amigos de dois irmãos, ela, minha amiga, ele, do meu marido. Quando fomos apresentados, eu, por timidez(ele classificou como antipatia), não cumprimentei direito; na verdade, nem olhei para ele. Também ele era muito "nerd". Eu fiz um investimento na aparência dele) logo que começamos a sair. Namoramos por pouco tempo outras pessoas e ficamos "amigos", uma amizade com uma química diferente. Ele me "enrolou" uns dois anos. Começamos a namorar depois de muito cerco (meu, é lógico)e casamos quatro anos e meio depois(continuou a enrolação). Sempre ensinei a minhas filhas que o homem é a caça, só pensa que é o caçador.
C.S: Conheci minha esposa em 1972 na casa de um amigo meu (Ela era amiga da irmã dele.). Eu disse boa noite e ela passou reto sem olhar na minha cara (Que falta de educação!!!!). Eu me lembro do ano pois foi quando estava fazendo o vestibular e tinha uma cabeleira que ia até os ombros (eu, não ela). Começamos a namorar no dia 01/06/1974, depois de muita armação dela para me fisgar. Até aula particular de um assunto que ela nunca mais iria precisar ocorreu.

2- Qua
ndo se casaram e como foram os primeiros tempos de casamento?
M. T: O casamento em si foi complicado, denominado misto: ele, judeu, eu, católica. Conseguimos uma cerimônia ecumênica, muito singular. Os primeiros tempos, como os de todo jovem casal, foram de adaptação, sofrível desempenho culinário, meu, é claro, ele não sabe nem fritar um ovo. Trabalhávamos e estudávamos os dois. O objetivo era comprar um apartamento, o que somente conseguimos quando o primeiro filho tinha quatro meses. Ele é muito perseverante e disciplinado; eu tento desesperadamente acompanhar. Continuo lá atrás, porém.

C.S: Nosso casamento foi no dia 16/12/1978 e acho que nunca uma cerimônia dessas atrasou tanto (duas horas). Mas não foi culpa da noiva. O fato é que, como sou judeu e nosso casamento foi meio que ecumênico e num sábado, o religioso que faria a parte judaica do ritual só saiu de casa depois de surgir a primeira estrela no céu.
Como em todo o casamento do nosso tempo (acredito eu), no início tudo era novidade. Fomos morar no Bairro de Fátima, mas passávamos a maior parte do tempo na Tijuca. O apartamento era naquela praça que fica no final da Nossa Senhora de Fátima e que tem forma circular. Com os prédios em volta, aquilo funcionava como um grande alto-falante. À noite, quando tinha gente conversando no bar da esquina, parecia que as pessoas estavam na nossa sala. O ápice era no carnaval, quando o bloco Unidos do Bairro de Fátima fazia seus ensaios no meio da praça, que ia até de madrugada. Como nosso primeiro filho nasceu em janeiro de 1981, o carnaval daquele ano foi especial e minha mulher ligou algumas vezes para a Polícia, queixando-se do não cumprimento da Lei do Silêncio. Fugimos de lá logo depois.

3- Como você se definiria como esposa (marido) – suas qualidades e no que você pretende melhorar?
M.T.: Eu sou uma esposa dedicada, mãe zelosíssima e a "megera" da casa. Tento atender a todos, não é fácil, são cinco filhos e alguns encargos correlatos. Hoje em dia relaxei um pouco com as exigências, eu acho. Apesar do meu "geninho", sou muito companheira. S. (desde que o conheci todos, inclusive eu, o chamam pelo sobrenome) passou seis anos trabalhando em outro estado e a família continuou unida e os filhos acompanhados. Cuido dos detalhes para fazer do lar o "repouso do guerreiro", que é uma boa definição para seu caráter. Estou sempre em luta para ser mais paciente, tolerante, compreensiva.

C.S.: Claro que vou dizer que sou ótimo marido. Só não sei se ela vai concordar. Sou responsável e extremamente paciente na maioria das vezes. Mas preciso melhorar no que diz respeito à atenção a alguns detalhes do relacionamento entre marido e mulher. Cabeça de mulher é muito complexa, mas temos que tentar entendê-las, pois não conseguimos viver sem elas.

4- O que vocês fazem para alimentar e melhorar o relacionamento nestes anos de matrimônio?

M.T.: Sempre cultivamos o hábito se sair sozinhos, uma vez por semana. Consideramos muito importante, assim como viajar juntos. Ficamos por seis anos só nos encontrando no fim de semana. Teve o lado bom da saudade, de sentir falta. Mas prefiro o meu marido em casa, conosco, embora seja necessário atentar para delicadezas que são mais fáceis de ter à distância. Os nossos filhos são muito "saideiros" como nós, e fazemos muitos programas em conjunto. Agora temos um netinho que nos faz reviver os primeiros tempos dos filhotes. É preciso sempre estar atentos para conversar, cuidar, olhar, enxergar as qualidades e relevar os defeitos.

C.S.: Essa pergunta é muito difícil de responder. Acho que o que existe entre nós é muito forte, pois mesmo depois das brigas mais feias sempre conseguimos recuperar o fio da meada e retomar nossa vida. Também os filhos ajudam muito, pois, graças a Deus e, por que não dizer, à minha mulher, eles foram muito bem criados e sempre me fazem lembrar que são fruto de um amor que se renova e ultrapassa desavenças sobre questões que depois vejo serem insignificantes. Sem esquecer que programinhas especiais também ajudam muito.

5 - Dizer os anos de casados. Temos 31 anos de casados.

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