Wednesday, March 24, 2010

Um filho ÚNICO, um filho SÓ.

Texto de: Maria Teresa Serman

Não sei se entenderam o trocadilho do título, que é a idéia central do texto de hoje. Quem lhes fala é uma filha única, que não continua só porque compensou no número de filhos, cinco, e ainda queria mais. E não me arrependi em nenhum milésimo de segundo dessa compensação.

Freud ficaria feliz com minha confissão. Quis compensar mesmo, não só por considerar filhos bençãos de Deus em forma de gente, mas porque sempre me faltaram barulho e companhia. Meus pais não optaram por um só, a natureza decidiu assim.

A idéia me voltou ontem, recorrente, em um restaurante, ao olhar em volta. Vi o que tenho observado com frequência: mesas com um casal e uma criaturinha que os dois adultos se dedicam a distrair. Por mais boa vontade que tenham, criança gosta (e precisa de) criança. Se houvesse outros para se distrairem juntos, os pais poderiam prestar mais atenção mútua - tá bom, sei que é complicado, com os "pestinhas" em volta, mas há que ter criatividade, pessoal!

É falso o argumento de que criar filho hoje em dia é mais difícil . Fala sério, há uma infinidade de recursos facilitadores e lúdicos. Pode ser mais caro; porém, tal receita inflou-se pelas atividades que "injetaram" nas crianças: mil atividades culturais e esportivas; acesso irrestrito a jogos eletrônicos e atualidades tecnológicas; roupas em demasia; enfim, mimos que enfraquecem a vontade e prejudicam o caráter.

Atualidade e tecnologia sim, brincadeiras simples e inesquecíveis, sim, sim, sim!!! Não se trata de voltar `a Era Jurássica, somente resgatar o que é comprovadamente eficiente há gerações.
O filho único é solitário, por mais amiguinhos que tenha. Torna-se, inevitavelmente, superprotegido, pois podem os pais ter outra preocupação? Acostuma-se a ser o centro do mundo familiar e não reparte com facilidade o que tem, naturalmente.

Já sei que serei linchada on line, rotulada de retrógrada, xingada de delirante. Não me importo, pois deleguei a mim mesma uma missão, uma cruzada, sob o título "Dêem ao filho único o que ele realmente quer - irmãos." Para aprender a compartilhar, para brincar, e até para brigar ( para isso pedia um à minha mãe, pois achava lindo irmãos se ensopapando).

É injusto não conhecer os outros filhos dos seus pais. É pobre não dilatar o coração e acolher mais gente pequena nele( a grande também, lógico!) Cada filho, tenham certeza, traz o seu pãozinho, e muito, muito mais, debaixo do braço. E obrigada aos meus filhos por serem um pouco meus irmãos.

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