Escrevo a pedido da minha dindinha Liana, um pouco do que se vive dentro de um hospital.
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Pisei pela primeira vez Instituto de Pediatria da UFRJ em 1995, durante a minha formação médica. Em todos os seus recantos, encontrei a tão rara associação entre a competência técnica e o carinho com os pacientes. Foi fulminante, em 96 quando me formei, fiz a minha opção pela pediatra. Neste mesmo instituto, cursei minha residência de pediatria, aprendi a viver cuidando desses negócios de família... No final da década de 90 tínhamos quase metade dos leitos do instituto ocupados por crianças com HIV, diagnóstico feito no filho, colhia-se exames dos pais e a seguir dar a notícia pra toda família doente e saga que lhes esperava. Graças a Deus, atualmente a incidência desses casos diminuiu, seu tratamento melhorou e as internações são menos freqüentes...
Durante a fase da residência me apaixonei pelo serviço de hematologia, onde um gr
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Um dia chega ao hospital com febre há 12 horas, um menino portador de leucemia em tratamento conosco. E pergunto à mãe: “- porque você não trouxe o menino na hora que começou? Não te orientamos a vir na mesma hora?” e a resposta é: “-doutora, tava tendo tiroteio no morro, eu não podia sair, assim que acabou eu vim...”. Mesmo entre o risco de morrer por infecção ou morrer baleado, o garoto viveu. A gente vive se equilibrando numa corda bamba bem fina... Outra criança, prescrevemos 8 comprimidos de um quimioterápico 1 vez por semana, a mãe pensa que 8 é muito e diminui para 2 a dosagem por conta própria...
Uma de nossas residentes consegue 25 entradas de cinema para as crianças com câncer do nosso serviço, filme: a era do gelo 3, grupo: Severiano Ribeiro, cinema: Cinemark Botafogo. Festa absoluta, nem as crianças nem suas mães haviam pisado no cinema antes. Logística para organizar, totalmente caseira, eu e cada uma das médicas demos dinheiro para o lanche e ingresso das mães, alguns médicos e enfermeiros da equipe foram ao evento, acompanhando algumas crianças mais graves, levando uma vasta mala de medicações... Sucesso total no evento.
A assistente so
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Assim como foi emocionante ver a doação feita pelo instituto Desiderata que resultou na sala de quimioterapia mais acolhedora e inovadora do Rio, é isso mesmo, não está em nenhum hospital provado, está no nosso, pras nossas sofridas crianças pobres e com câncer. Aquário carioca foi o nome q
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Quem quiser conhecer mais sobre essa ONG ou até contribuir com ela pode encontrar no site www.desiderata.org.br , vale a pena.
Apesar de todas essas iniciativas, existem problemas muito profundos, os recursos são milimetricamente calculados para que não faltem remédios, e nosso hospital agradece doações de brinquedos e livros infantis para a sala de recreação das enfermarias do hospital (www.recomecar.org.br). Quem quiser doar fraldas, leite em pó, ou mesmo ajudar diretamente às famílias pode contribuir com a organização RECOMEÇAR que apóia o hospital: www.recomecar.org.br .
Sexta feira da outra semana perdemos uma criança que se tratava há 4 anos no hospital de um tumor ósseo. Chorava todo o hospital, da faxineira a moça da cantina, passando pela nutrição, médicos, enfermagem e assistentes sociais. Ninguém resistia aos encantos desse moleque. Há um tempo atrás, ele teve que perder o braço (local onde tinha o tumor). Eu não sabia o que dizer a ele. Sentei com o menino em frente ao computador pra olhar no Google imagens de braços mecânicos, que ele queria saber como eram. E escuto: -“vai ser bom, vou poder andar de bicicleta segurando nos dois lados, esse braço aqui não me deixa fazer isso mesmo...”. E pensei o que eu sentiria se fosse perder um braço... há muito que aprender com as crianças...
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