A DI
Observamos um número significante de crianças que sofrem em nossas escolas, apesar do esforço de pais e educadores de lhes oferecer boas condições físicas e materiais. Muitas delas apresentam certa angústia por não serem entendidas pelos adultos que as cercam. Um mundo que, ao não compreendê-las, torna-se seu mais cruel adversário.
Muitas dessas crianças experimentam uma profunda ansiedade, pois não conseguem compreender porque a "agressão" provém, justamente, das pessoas de que mais gostam: seus pais e seus professores.
E quem são essas crianças? Todos aqueles alunos rotulados como "crianças problemas", que suportam a indiferença, quando não o menosprezo e o castigo. São aqueles que, insistentemente, são nomeados de indisciplinados, desatentos, preguiçosos, incompetentes, retardados, imaturos....
Trata-se de crianças com dificuldades de aprendizagem que muitas vezes apresentam problemas de comportamento ou atitude inadequada, a fim de demonstrarem seu sofrimento. Enviam mensagens que os pais e educadores não conseguem decifrar, e que, por serem mal interpretadas, acabam voltando-se contra elas próprias.
O problema, na maioria das vezes, é um pedido de ajuda. O aluno que apresenta uma atitude inadequada ou um rendimento abaixo do esperado talvez queira dizer: "Por que sou diferente da maioria dos meus colegas? Por que, querendo ser o melhor, fracasso em todos os meus intentos de superação? Queria ter o melhor caderno, mas tenho a pior letra. Gostaria de ser "bom" em matemática; porém, mal sei fazer as contas. Desejaria ler e escrever bem, mas não consigo, apesar dos meus esforços. Queridos pais e professores, ajudem-me a encontrar a causa de meus fracassos. Há algo fora ou dentro de mim que me desvia das boas intenções..."
Por outro lado, desde bem cedo, os pais se inquietam com a capacidade intelectual de seus filos e suas possibilidades de sucesso, colocando-lhes o quanto se espera que sejam bem sucedidos. Como essa criança não corresponde a essas expectativas, aparece o chamado "sintoma", que pode ser definido como uma mensagem que emerge em determinada circunstância, com a função de demonstrar que algo não está bem e que precisa de ajuda.
Dessa forma, o problema de aprendizagem surge como um sintoma, uma vez que o não-aprender não se configura em um quadro permanente, mas constitui o conjunto de comportamentos que aparece como sinal de descompasso. Assim, torna-se necessário avaliar o sintoma apresentado pela criança como significante de um estado particular desse sistema, que, para equilibrar-se, precisou adotar um ou outro esquema de ação que mereceria ser olhado como sinalização positiva, mas que é caracterizado como não-aprendizagem.
"É certo, no entanto, que a dificuldade de aprender pode se originar de algum problema neste tripé: criança, família, escola. Porém, nenhum deles pode ser interpretado isoladamente."
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