Monday, November 30, 2009

Perguntas e Respostas: Dra Mannoun Chimelli - Adolescentes - Como educar? (Parte 23)

As perguntas estarão apenas com as iniciais dos nomes, para deixar bem à vontade nossas amigas.

Namoro por interesse?
1 - C. L. diz: Dra o namoro da minha filha esta causando muitas brigas na família. Meu marido não gosta do rapaz, diz que ele é confiado, cara de pau e oportunista. Temos uma boa situação financeira e só esta filha, temos medo de que o rapaz só esteja de olho no dinheiro e bens. O que sugere que façamos para demovê-la desta idéia de namorar este rapaz. Ela tem 17 anos e ele 23. Ele nem trabalha e ainda esta fazendo o primeiro ano de uma faculdade mixuruca. Eu pessoalmente acho que o rapaz não é bom, mas não acho oportunista, acho sim, um cara sem muitos desejos de melhorar na vida. Muito desleixado. Obrigada desde já.
RESP: Cara Sra. C.L. Sua filha tem amigas? Convive com elas ou devido ao namora, afastaram-se? Faz esportes, estuda, viaja com os pais?
Com relação ao namoro, penso que já devem ter conversado bastante com ela e o momento agora é de silenciar. Não imaginem as pretensões do rapaz- a imaginação é traiçoeira e pode obscurecer uma observação menos apaixonada e mais real.
Acalmem-se e silenciem por algum tempo, apenas observando, esforçando-se por ser simpáticos ao rapaz, convidando os dois para saírem com vocês e assim poderem avaliar sua reações,quando estão juntos, como se comportam à mesa, como se relacionam com estranhos. Isto porque se vocês enquanto pais insistem em falar com a filha apenas o negativo do namorado e que não gostam dele, só reforçarão a posição radical dela a favor dele e contra vocês.
Se tentarem não falar, não fazer comentários deixando que ela mesma reflita, pode ser que espontaneamente ela pondere o que já foi falado pelos pais e se decida por aguardar um tempo antes de namorar.
Por outro lado, esforcem-se por abrir os horizontes do rapaz, acenando com cursos paralelos, oportunidades de estágio dentro do curso que faz, querendo ser simpáticos e acolhedores, sem pré-julgamentos.
Sobretudo, se tem uma Religião, rezem. A oração dos pais pelos filhos é sempre muito preciosa!
Estejam serenos, não dêem ao fato um caráter se drama- afinal ela é uma adolescente, filha única e certamente quer ser sempre o centro das atenções da família, mesmo que seja por algo que desagrade os pais... Um abraço e pode voltar a falar comigo se desejar. Mannoun

Falta de educação ou doença?
2 – A. diz: Dra Mannoun, gostaria de uma resposta sobre filha adolescente que enfrenta mãe, com palavras muito grosseiras e uma atitude totalmente hostil. Estou no meu limite e tudo o que eu diga gera brigas de proporções gigantescas. Já a levei ao psicólogo, psiquiatra, pediatra, e nenhum achou nada grave nela. E agora ela se nega a ir a qualquer médico. Preciso de uma luz, para agir ou para deixar tudo de lado. Agradeço sua atenção.

RESP: Olá, A. Desarme-se e não considere doença em sua filha o que é - a meu ver- conseqüência de falha educacional. Não sei a idade dela, mas a mãe necessita resgatar sua autoridade, calando-se, não discutindo nem respondendo às agressões. Silenciar - sem lágrimas ou ares de sofrimento- é sempre mostrar que não se está disposto a altercações, ao menos naquele momento. O pai não deve interferir ao presenciar cenas como as que me descrevem na pergunta, porque esta atitude só reforça o fato (diante da filha) de que a mãe não é capaz de se impor. O assunto entre mãe e filha deve ser resolvido entre elas. Sua filha deve praticar esportes, especialmente coletivos, para que aprenda a conviver, socializar-se, comunicar-se de forma saudável, utilizando na prática esportiva, as energias gastas com a agressividade. A mãe poderia procurar uma ajuda psicológica para saber como lidar a filha - que acham? Se não respondi satisfatoriamente, continuo às ordens. Atenciosamente, Mannoun

Colégio interno resolve problema de educação?
3 – M. da G. diz: Dra Mannoun, Eu vi que já há uma pergunta sobre isto, mas também é meu problema. Moro em Ribeirão Preto e minha filha de 15 anos me trata com uma agressividade muito grande. Chama-me de burra, de anta, diz que eu sou uma parasita porque não trabalho e sou dona de casa, etc. Eu me formei em medicina na USP de Ribeirão Preto, cheguei a completar a residência em cirurgia geral, mas como tivemos seis filhos (ela é a quinta) eu me dediquei ao lar e não exerci minha carreira de médica a não ser esporadicamente. Ultimamente estas agressões me fazem chorar porque é muito duro ouvir uma filha a quem amamos como mãe dizer estas coisas. Meu marido acha que deveríamos procurar um colégio interno para colocá-la até os 18 anos, eu a princípio resisti, mas estou inclinada a fazer isto. A senhora conhece alguma instituição assim?
RESP: Cara M. da G., nada de chorar, por favor! Aos 15 anos sua filha se agride a si mesma, e se usa esse palavreado, agora que está na idade de se identificar com a figura materna, pode ser que imagine não conseguir chegar aonde a senhora chegou, e não concorde em que tenha espontaneamente abdicado da profissão e do prestigio que dali poderia advir, em prol de construir uma família...
Não responda, peça ao pai que não interfira, fique silenciosa, não chore- por favor! Esta atitude só trará mais sofrimento para ambas e diminuirá sua autoridade...
Saia de perto à hora das agressões. Vá ao banheiro, saia de casa, vá para outro local- deixe-a falando sozinha para que o eco de suas palavras a ajude a refletir...
Colégio interno não é a solução. Em casa é que ela deve estar embora incomode, pois pode ser que seja exatamente o que ela deseje - mostrar o quanto suas atitudes determinam respostas dos familiares e que no fundo, ela é quem manda ou comanda... Recomendo esportes coletivos, sugeridos por alguém que tenha influência sobre ela. O contato com outras pessoas, o gasto saudável de energias, ou quem sabe, daqui algum tempo (não agora) um intercâmbio cultural?
Volte a exercer a medicina, caso lhe seja possível, num trabalho voluntário ou numa creche ou junto a idosos. Isto lhe fará muito bem e - sem dúvida- beneficiará a muitos!
Pode voltar a falar comigo. Continuo às ordens! Um abraço, Mannoun

Não quer ir a escola
4 - I. B. diz: Boa tarde.tenho uma filha de 13 anos estou passando uma face difícil com ela não quer ir pra escola mais já saiu de casa 3 vezes não sei como lidar com essa situação mais estou precisando muito de ajuda sou separada do pai dela ele não me ajuda pq moro no rio de janeiro ele mora em outro estado me ajude por favor.

RESP: Cara I.B. sua filha é única? Vocês têm familiares com que ela se entenda bem?
Quando ela saiu de casa, como foi que retornou? Alguém foi buscá-la ou voltou por conta própria? Contou onde esteve e com quem?
Estas questões são muito importantes porque sua atitude vai depender das respostas que puder dar.
Sugiro que procure um Serviço Público - conhece o NESA, um Serviço de atendimento ao Adolescente no Hospital da UERJ, no Maracanã ? Ali você pode ser atendida e expor a situação, pois há um Serviço de atendimento completo, com Assistente Social, Psicólogos, Médicos que lhe darão toda uma orientação. Como ela já saiu de casa por 3 vezes, necessitará um bom exame médico, exames de sangue, pesquisa de infecções, inclusive Doenças Sexualmente Transmissíveis e AIDS, o que pode ser feito lá mesmo. Além disso, não querendo mais ir a Escola, o Conselho Tutelar deve ser informado porque a responsabilidade devido ao fato dela ter 13 anos é totalmente da mãe, uma vez que os pais são separados e ela está em sua companhia.
Não pense, por favor, que estou fazendo terrorismo- situações como a que me relata estão acontecendo - infelizmente! Com bastante freqüência e este é o caminho que adotamos nos atendimentos.
É preciso agir com a maior rapidez, até porque é isto que os Adolescentes esperam de nós, sem dramas, sem lágrimas, sem reclamações ou vitimismos, mas com carinho e firmeza- ATITUDES!
Geralmente dá certo e pais e filhos se acalmam, refletem, voltam a se entender porque são acompanhados por Profissionais que querem ajudar e tem preparo técnico para o fazer .
Fico às suas ordens caso queria voltar a falar comigo. ok ? Um abraço, Mannoun

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