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A fidelidade sempre exige esforço; não há fidelidade, por assim dizer, "fácil". E por que mudam com tanta facilidade os corações de alguns e de algumas? Porque não se dispõem a manter a coerência, a palavra dada, no meio de um fluir de pequenos fracassos, de despontamentos em certa medida inevitáveis, de uma compulsão de mudança. Quando desabem idealismos inconsistentes - o namorado "príncipe", o emprego que preenche todas as expectativas de realização, o marido ou a esposa ideais, os filhos espetaculares, etc. - desponta nas pessoas algo a que poderíamos chamar "fadiga do coração", semelhante ao fenômeno físico da "fadiga do metal".
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Quando o coração não se entrega com a sua melhor capacidade, quando se "poupa" ou se procura a si mesmo, aparece aquilo a que um jurista italiano, Adolfo di Argentine, chamou a síndrome da subjetividade:
- "um casamento não pode ter problemas": ou é maravilhoso ou se desfaz:
- "um trabalho não pode ter dificuldades": ou é gratificante ou a pessoa muda de emprego;
- "uma amizade não pode ter momentos difíceis: ou é total ou se transforma em indiferença ou ódio;
- "o empenho social não pode ser a paciente construção de uma sociedade melhor": ou é rapidamente triunfante ou confina-se na utopia. No melhor dos casos, refugia-se no âmbito da vida privada.
São ideias plenamente atuais: por toda a parte encontramos, e bem ativa, essa síndrome da subjetividade, que no fundo não consiste senão em conferir às emoções pessoais o primeiro lugar à hora de decidir. É isso o que cansa o coração e o leva a ansiar por contínuas mudanças, e é isso também o que o torna presa fácil de uma certa falsidade. Por isso escreve Thibon, com certeira metáfora: "Olhai para esse homem. A sua alma, vazia de ideais, é como um deserto, e num deserto é impossível deter-se; é-se obrigado a correr."
Do livro PROVÉRBIOS E VIRTUDES, de José Lino C. Nieto. Ed. Quadrante.
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